Acordo entre Defensoria Pública e agência de publicidade promove campanha em favor de direitos de travestis e transexuais

“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”

Publicado em 2 de Fevereiro de 2017 às 16:00 | Atualizado em 2 de Fevereiro de 2017 às 16:00

A Defensoria Pública de SP – por meio de seus Núcleos Especializados de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial e também de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher – e a agência publicitária Leo Burnett Tailor Made finalizaram uma campanha de promoção dos direitos de travestis e transexuais, com o apoio da ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais.

A ação publicitária é resultado do termo de acordo firmado entre as instituições em setembro de 2016, após a Defensoria Pública ter recebido reclamações em razão de uma campanha criada pela agência em 2013, que comparava travestis e mulheres transexuais a peças de automóveis “falsas”, afirmando que "mais cedo ou mais tarde, você percebe a diferença".

Oportunidade de trabalho e a possibilidade de mudança do nome em documentos de travestis e transexuais foram os assuntos abordados nos novos materiais. Em uma das imagens, há dois sanduíches idênticos, com a pergunta “Um destes dois sanduíches foi preparado por uma transexual. Qual?”. Na outra, duas apresentações em power point, também idênticas, e a pergunta: “Uma destas apresentações foi feita por uma travesti. Qual?”. Ambas trazem a resposta: "Você não viu diferença porque não tem diferença. A identidade de gênero não interfere na qualidade nem no resultado do trabalho de ninguém. Dê uma oportunidade a travestis e transexuais na sua empresa e ajude a acabar com o preconceito".


  

 

Nas outras duas imagens, a questão da mudança de nome é tratada com pessoas que apontam mudança de hábitos em razão de sua identidade de gênero, questionando: “Se tudo está diferente, por que meu nome documento deveria continuar igual?”. E segue: “Travestis e transexuais merecem tratamento pelo nome que melhor representa sua identidade de gênero. Ajude a colocar na pauta do Congresso a lei que desburocratiza a mudança do nome nos documentos”.

  

O Defensor Público Érik Saddi Arnesen, Coordenador do Núcleo de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial, comemorou o resultado da campanha, que, segundo ele, tem como foco a igualdade. “Essa é a grande questão da luta pelos direitos das travestis e transexuais: não se briga por privilégios ou coisa parecida; briga-se por direitos e condições iguais."

Saiba mais

Em 2013, na época em que houve a repercussão da campanha, a agência desculpou-se publicamente pelo conteúdo e entendeu ser importante atuar em favor dos direitos de travestis e transexuais.

Para a agência de publicidade Leo Burnett Tailor Made, a campanha inicial, que não chegou a ser veiculada, “foi enviada equivocadamente ao Festival do CCSP, e não está alinhada de maneira alguma com o modo de pensar e agir da agência: uma empresa que sempre respeitou e apoiou a diversidade”.