IV Ciclo de Conferências: Regional Mogi das Cruzes realiza sua Pré-Conferência; leia a cobertura do evento
“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”
Em uma tarde de muito calor do último sábado (14/9), a Defensoria Pública de SP realizou três Pré-Conferências nas cidades de Bauru, Registro e Mogi das Cruzes. Os três eventos, que reuniram cerca de 200 pessoas, compuseram o IV Ciclo de Conferências Públicas da Defensoria e promoveram debates sobre a atuação da instituição e suas prioridades para o futuro.
Na região do Alto Tietê, a cidade escolhida para receber a Pré-Conferência foi Mogi das Cruzes. Lá estavam para participar do evento Nivaldo Alves e Valeriana Alves. Apesar da coincidência dos sobrenomes iguais, não existe nenhum vínculo entre eles, a não ser a dificuldade incomum de se locomoverem pelas esburacadas calçadas de Mogi das Cruzes e nos ônibus intermunicipais do Estado.
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Nivaldo e Valeriana são cadeirantes e foram à Pré-Conferência para defender uma atuação da Defensoria em prol de pessoas com deficiências. “Queremos que a Defensoria nos auxilie a implantar acessibilidade em todos os locais: nas calçadas, hospitais, escolas, supermercados, bancos, em tudo”, disse Nivaldo. “Eu gostaria que os ônibus intermunicipais fossem acessíveis às pessoas com deficiência. Todos acham que queremos viajar de graça, mas não é verdade. Eu posso até pagar minha passagem, mas preciso entrar dentro de um ônibus sem ser carregada como uma bagagem”, completou Valeriana.
Não foram apenas os mogianos que participaram do evento. Pessoas de diversas cidades vizinhas marcaram presença – como Dona Vera Maria Silva, que aos 64 anos saiu de Ferraz de Vasconcelos para debater propostas na Pré-Conferência. “Infelizmente, em Ferraz a população sofre cotidianamente com despejos. Muitas pessoas saem para trabalhar e quando voltam suas casas foram demolidas”, conta.
Dona Vera disse que já percorreu diversas instituições para, em vão, tentar barrar os despejos. Até que numa despretensiosa visita ao Centro de Integração a Cidadania (CIC) de Ferraz de Vasconcelos, conheceu a Defensoria Pública. “Cheguei ao CIC e fiquei sabendo que no local havia Defensores Públicos realizando atendimentos. Fiquei animada, fui até lá e conversei longamente com eles. Um tempo depois, a Defensoria abriu uma unidade na cidade. Estou aqui hoje para pedir que o atendimento em Ferraz seja ampliado e possa enfim conter os despejos no município”, disse ela.
Rosemeire Laureano também abdicou de aproveitar o sábado de sol ao lado da família para participar da Pré-Conferência em Mogi. A questão que levou ao evento é a mesma de Dona Vera (habitação), entretanto, a cidade é outra: Itaquaquecetuba. “Infelizmente, o Poder Público abandonou Itaqua. Quase toda a cidade é habitada por pessoas que, sem ter para onde ir, ocuparam terrenos ociosos. Viemos aqui pedir que a Defensoria intervenha para que essas áreas sejam regularizadas”, diz.
Segundo Rosemeire, a inércia do poder público em solucionar a questão gera problemas sociais para o município. “Há pessoas que moram nessas áreas há mais de 30 anos e nunca tiveram coisas básicas, como energia elétrica, água e esgoto. Para se ter uma idéia, nem as ambulâncias entram nesses locais”, disse.
As propostas aprovadas na Pré-Conferência de Mogi das Cruzes se juntarão às mais votadas em todas as outras 21 Pré-Conferências que serão promovidas pela Defensoria até o final de setembro. Ao todo, 440 propostas debatidas e votadas em todas as regiões do Estado serão levas à Conferência Estadual, que será realizada nos dias 6 e 7 de dezembro na Capital. Clique aqui para saber mais sobre o IV Ciclo de Conferências da Defensoria paulista.