Enfrentamento à violência contra pessoas idosas e suas interseccionalidades são debatidos em evento da DPE-SP
Encontro marcou os 20 anos do Estatuto da Pessoa Idosa, a serem celebrados em outubro, e mês de conscientização da violência contra a pessoa idosa, em junho
Evento foi realizado na sede da Defensoria, em São Paulo | Foto: Bruna Quirino
O enfrentamento à violência contra as pessoas idosas passa pela conscientização sobre os diversos tipos de violência sofridos por essa população e pela consideração de suas interseccionalidades, que podem aprofundar essas violações, avalia a defensora pública Renata Tibyriçá, que esteve na mesa de abertura do evento “20 Anos de Estatuto da Pessoa Idosa”, realizado na sede da Defensoria Pública de SP (DPE-SP) na última quinta-feira (22/6).
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“As pessoas idosas nem sempre têm consciência a respeito das situações de violência em que estão. A gente sempre pensa a violência sob o ponto de vista físico e esquece que há vários tipos de situações de violência, como patrimonial, sexual e, a mais comum, de acordo com o Disque 100, a negligência – a omissão no cuidado e no atendimento”, afirma Tibyriçá, coordenadora do Núcleo Especializado de Direitos da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (Nediped) da DPE-SP.
Realizado em junho, mês de conscientização da violência contra a pessoa idosa, o evento teve como tema os avanços no enfrentamento a essa violência e os desafios relacionados às chamadas “interseccionalidades”.
“Pensamos num evento para abordar os ganhos nesse enfrentamento com o Estatuto da Pessoa Idosa, mas também as lacunas, como a questão da interseccionalidade. Ou seja, as pessoas idosas que, além da discriminação por conta da idade, sofrem outros tipos de preconceito e discriminação, como o racismo, o preconceito em função de orientação sexual, de identidade de gênero, o sexismo, o capacitismo”, aponta Bibiana Graeff, professora do curso de Gerontologia da EACH-USP.
Desde 2014, o curso de graduação e a DPE-SP mantêm uma parceria para atuação de estagiários, sob supervisão da professora, no acolhimento e atendimento à população idosa. A gerontologia é um estudo dos aspectos biopsicossociais do processo de envelhecimento, da etapa da velhice e da gestão de políticas públicas relacionadas ao tema, explica Graeff.
A falta de vagas em serviços destinados às pessoas idosas, principalmente quando precisam de cuidados mais intensivos, é justamente um dos principais desafios atualmente, problema que tem batido às portas do Nediped, afirma a defensora Renata Tibyriçá. “Ainda mais neste momento em que a gente vê uma mudança a respeito da pirâmide etária e o aumento do número de pessoas idosas”, afirma.
O evento “20 Anos de Estatuto da Pessoa Idosa” contou ainda com participação de representantes de diversas outras instituições e da DPE-SP, abordando temas como notificação de violência contra pessoa idosa por profissionais de saúde, crimes no Estatuto da Pessoa Idosa, influência da pandemia de Covid-19 e palestras sobre interseccionalidades. Clique aqui para assistir