Após 8 anos de incertezas, processos e atuação da Defensoria, acordo garante direito à moradia a cerca de 10 mil pessoas na Vila Soma

“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”.

Publicado em 4 de Junho de 2020 às 16:00 | Atualizado em 4 de Junho de 2020 às 16:00

Após oito de anos de disputas judiciais, as cerca de 10 mil pessoas que moram na Vila Soma, comunidade na cidade de Sumaré que conta com assistência da Defensoria Pública de SP, poderão finalmente ver garantido seu direito à moradia, a partir de um acordo extrajudicial firmado com a empresa proprietária do terreno para loteamento e regularização fundiária do espaço.
 
Localizada num terreno de 1,5 milhão de m², pertencente à massa falida de Soma Equipamentos Industriais S/A e Melhoramentos Agrícolas Vifer Ltda., a Vila Soma surgiu com a ocupação do local por famílias carentes em 2012, depois de a área passar mais de duas décadas ociosa.
 
A ocupação levou a diversas medidas judiciais dos proprietários do terreno e do Ministério Público visando à desconstituição do núcleo urbano. Para tentar garantir o direito à moradia digna das famílias, a Defensoria Pública de SP ingressou no processo como assistente dos moradores e ajuizou ação civil pública em busca da suspensão da reintegração e atendimento habitacional. Paralelamente, deu início a uma série de tratativas com o poder público em busca desse atendimento e também levou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
 
Em 2016, a Defensoria Pública ingressou com ação cautelar no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), obtendo a partir dali decisões liminares de suspensão da reintegração de posse.
 
Agora, com o acordo extrajudicial, o Ministro Dias Toffoli entendeu que não haveria repercussão geral em recurso interposto pela Defensoria. Por consequência, a Ministra Cármen Lúcia considerou prejudicada a ação cautelar, que era acessória ao recurso cujo seguimento foi negado. A empresa Fema4 Administradora de Bens, que adquiriu créditos da massa falida Soma em processo de recuperação judicial, firmou acordo com os moradores para loteamento e venda de lotes para cada família.
 
O projeto de regularização fundiária está em fase de finalização, à espera de homologação pela Prefeitura de Sumaré e posteriormente pela Justiça, e será feito com base na Lei 13.465/17, que dispõe sobre regularização fundiária urbana.
 
“Podemos dizer que foi o final de toda uma atuação judicial iniciado há anos pela Defensoria, com a estabilização da posse da área pelos moradores”, afirma o Defensor Público Rafael Negreiros, coordenador auxiliar do Núcleo de Habitação e Urbanismo, que atuou no caso com apoio do Núcleo de Segunda Instância e Tribunais Superiores.
 
“O trabalho da Defensoria Pública agora é atuar de forma extrajudicial, fiscalizando o acordo e o plano de regularização fundiária, em parceria com o Ministério Público”, diz Negreiros.

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