Sistema Interamericano de Direitos Humanos é tema de seminário na Defensoria

“Esta atuação faz parte do compromisso da Defensoria Pública de São Paulo enquanto instituição autônoma e comprometida com os valores do acesso à Justiça e dos Direitos Humanos”

Publicado em 3 de Abril de 2017 às 14:30 | Atualizado em 3 de Abril de 2017 às 14:30

Para o professor e advogado colombiano Diego Rodriguez-Pinzón, a possibilidade de particulares levarem casos de violação de direitos humanos à análise de organizações internacionais, inaugurada apenas na década de 50, significou uma verdadeira revolução. Isso porque permitiu que conflitos dessa natureza fossem avaliados fora da esfera do Judiciário de cada país.
 
O codiretor da Academia de Direitos Humanos e Direito Humanitário da Americana University (Washington College of Law) deu início nesta segunda-feira (3) ao 2º Seminário Internacional sobre o Sistema Interamericano de Direitos Humanos, promovido na Capital paulista pelo Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de SP, com apoio da Escola da Defensoria (Edepe). O evento termina amanhã, com participação da professora Claudia Martin, professora e codiretora da mesma escola.
 
   
 
Rodriguez-Pinzón falou sobre a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, traçando um panorama sobre o histórico do direito internacional dos direitos humanos, as principais técnicas de supervisão do cumprimento de compromissos internacionais nessa área pelos Estados e sobre a atuação da Comissão.

Segundo o professor, a Comissão Interamericana garante que as partes – particulares e Estados demandados por violações de direitos humanos – se manifestem em igualdade de condições, frente a frente, nas audiências, que são transmitidas pela internet.

Assim, ainda que não haja mecanismos para forçar a implementação de decisões pelos países, a ampla publicidade dada a essas demandas, aliada à elaboração de relatórios sobre violações de direitos humanos perpetradas, ajuda a expor os Estados violadores perante a comunidade internacional, afirma Rodriguez-Pinzón.

   

Além disso, de acordo com o professor, os relatórios da Comissão servem como forte argumento para o ajuizamento de ações no âmbito interno de cada país signatário da Convenção Americana de Direitos Humanos, apontando o descumprimento de compromissos internacionais, já que os pareceres da organização refletem a “leitura autorizada” sobre aquele tratado internacional.

Os casos particulares e os informes são duas das formas de supervisão internacional de direitos humanos apresentadas pelo professor, que incluem também visitas in loco para fiscalização e relatórios produzidos pelos próprios países.
 
O colombiano ressaltou que o direito internacional dos direitos humanos ainda é muito recente – começou a aparecer após a 2ª Guerra Mundial. No caso do Sistema Interamericano, não existe um ambiente de apoio e o orçamento é muito baixo, com um volume restrito de doações pelos países para financiamento.